O tempo nos ensina que só nos
tornamos bons naquilo que repetimos muitas vezes no decorrer da vida.
É a insistência em algo que nos
torna melhores.
Uma bailarina alcançará a harmonia dos passos e
movimentos depois de muitos anos de ensaios árduos, e
mesmo após ter se tornado boa
dançarina, quando mais treinar mais hábil será.
Um atleta, digamos um jogador de
futebol, para nos referirmos a um esporte bem conhecido de nós,
se não se dedicar aos treinos
diários nunca passará de um esportista medíocre, isto é, mediano.
Nós nos especializamos naquilo em que insistimos.
Quanto mais estudamos mais
aprendemos a estudar.
Quanto mais se engana melhor se desenvolve técnicas de ludibriar.
Há pessoas que passam a vida lastimando tanto que acabam ficando especialistas
em deplorar. E suas vidas, claro, tornam-se o reflexo da especialidade que escolheram: nunca
estão boas. Como se diz
popularmente são vidas que "andam para trás". Pudera, com tanta
reclamação!
Há outras que adoram pôr defeito em
tudo, ver sempre o lado imperfeito, apontar para o que não deu certo. Tornam-se ótimas nisso. Nem é necessário esforço para
imaginarmos que vida terão. Serão angustiadas, pois para elas o mundo todo está
errado e, pior, sem solução; é isso o que insistem em ver.
Conheci há algum tempo uma moça que
não enxerga como nós. Ela não tem visão através dos olhos. Vê tudo com sensibilidades outras que teve de
desenvolver. Para ela, tudo é sempre lindo; o calor é maravilhoso, o frio
aconchegante, a chuva, uma bênção; o canto dos pássaros ou o ruído das
ruas lhe soam como música. Praia, cidade ou campo ama com igual intensidade. Ela está sempre feliz.
Desenvolveu seu estado de graça
louvando a vida diariamente, deliciando-se com os raios de sol que não enxerga, mas sente. Desenvolveu a paciência
entendendo que nos congestionamentos, ou quando tudo para, aí encontra-se um tempo para meditar ou resolver um problema.
Aprendeu que a poluição dos rios, as agressões ao ambiente, o drama ecológico do planeta não são
desgraças mas sempre motivos para iniciarmos ações transformadoras. Ela é
feliz pois desenvolveu o hábito de ver a
felicidade em tudo. Acho que nem sabe exatamente que não enxerga como nós.
E nós, o que temos feito com
maior insistência? Quais são os nossos hábitos? Que talentos estamos
desenvolvendo?
O que poderemos esperar para nossas
vidas? Ou já estaríamos vivendo os
resultados daquilo em que mais insistimos?
Gilberto Leite
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